No último informativo do ANDESUFSC
consta que 35 universidades federais entraram em greve. A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) figura entre elas.
No entanto, basta caminhar no campus da Trindade para observar que gozamos de sonolenta
normalidade.
Na última semana de junho presenciei
no auditório da reitoria a assembléia de greve do ANDESUFSC. Não exagero em afirmar que
o número de presentes era inferior a 50 pessoas. Assinei a lista de presença, escutei os
informes, a avaliação do Comando Local de Greve e as orientações para a semana.
Deixei o local com imensa preocupação. No dia 17 de julho, assisti pela
internet a AG da APUFSC que tampouco logrou quórum. No auditório do CCE, 86
professores exibiam o desinteresse da categoria por uma greve num momento
particularmente difícil da vida universitária.
Neste momento, a exemplo de
centenas de professores, não sou filiado a sindicato algum. A razão é simples:
a APUFSC sofreu tal regressão política nos últimos anos e foi
tamanha a manipulação em suas assembleias, que simplesmente não vi mais sentido
em pagar a mensalidade. Abandonei o sindicato em 2012. Ademais, mesmo para
àqueles que não possuem filiação, a lei
assegura a participação com voz e voto nas assembleias de greve. Nunca
estive confortável nesta posição e, tampouco, solitário; observo que grande
parte dos professores “novos” da universidade não destina atenção ao sindicalismo
universitário. É possível constatar ainda entre os professores mais
experientes, o inocultável desinteresse pelo sindicato. Na APUFSC, até a
eleição da última diretoria, o cenário era mesmo devastador. Poderá mudar?
Aposto que sim.
O ANDESUFSC, a despeito das
limitações legais, existe e atua entre nós. No entanto, desde que surgiu em 5
de novembro de 2009 por iniciativa de setenta e três (73) professores, pratica
sindicalismo de baixo perfil, sem atividade permanente e, no limite, não
conseguiu estabelecer práxis política distinta daquela oferecida pelo sindicato
autorizado pelos tribunais (APUFSC). Mantém saudável autonomia em relação ao
Estado, mas também enorme distância da maioria dos professores. É suficiente?
Não, não é suficiente.
É muito difícil nossa situação. Na
UFSC temos dois sindicatos e a greve nacional de nossa categoria não existe para a imensa maioria dos professores!
No entanto, num contexto de
profunda desmobilização, o ANDESUFSC decidiu em Assembleia realizada no dia 22
de junho inicia-la. Naquele dia, menos de 80 professores declaram
adesão a grave nacional e julgam representar a categoria no Comando Nacional de
Greve do ANDES/SN. É um número muito pequeno para decidir a sorte de uma
categoria inteira (superior a 2.400 professores, incluindo substitutos). O
impacto daquela decisão é igualmente reduzido. Por outro lado, a nova diretoria
da APUFSC é herdeira de uma política que fracassou rotundamente e carrega o enorme
desafio de recompor os laços de solidariedade e articulação política da
categoria. Este sindicato reúne a maioria dos professores, mas tem contra si os
frutos de uma orientação que semeou no passado: enorme paralisia e desinteresse
pelos assuntos públicos e sindicais; ademais, antes que renovar o movimento
sindical, aquela orientação contribuiu, na prática, para aumentar a divisão nacional
do movimento docente.
As razoes de nossa divisão
Em setembro de 2009 a APUFSC convocou
um plebiscito para definir nossa relação com o ANDES/SN. O resultado de 614 contra
403 decidiu a disputa pela desfiliação, com 23 votos para brancos e nulos. É preciso recordar, especialmente para a
grande quantidade de professores que entraram recentemente na UFSC, que os
erros de condução de antigas diretorias decidiram a sorte da consulta.
Formou-se uma maioria que – como toda maioria – era eventual. Os vencedores
consideram a vitória como expressão de uma lei de bronze: julgavam que a ruptura com o sindicato nacional criara uma “nova
APUFSC”, isenta dos vícios que a maioria dos sindicatos possuem. Para piorar ainda mais o cenário, os professores que votaram pela manutenção do vinculo
nacional, após a derrota decidiram abandonar a APUFSC. Erro grave e duplo. É elementar
reconhecer que quando disputamos uma decisão estamos obrigados a aceitar seus
resultados. Ademais, a criação de outro sindicato não alterou a vida do
sindicalismo em nossa universidade e tampouco fortaleceu a estrutura nacional como a atual greve demonstra.
Em 2009, muita gente boa
considerava a desconexão um ato de lucidez elementar. Hoje, somente a cegueira não
reconhece que aquele movimento de “renovação” resultou em profundo desinteresse
pelo sindicato, isolamento nacional e incapacidade de convocar os novos
professores para o debate público acerca da função da universidade num país
subdesenvolvido e na defesa de nossos salários e carreira. Na mesma medida, a
criação do ANDESUFSC, a despeito do propósito de manter a independência de
nosso sindicato e não privar a UFSC de representação nacional, não logrou
êxito. Hoje, seu número de filiados não ultrapassa 250 professores e sequer conta com todos seus membros na greve que pretende iniciar.
A divisão sindical produzida aqui
na UFSC é um erro que precisa ser corrigido com rapidez.
Quais fatores permitiram a separação da APUFSC do ANDES/SN?
Dois fatores impulsionaram a
divisão que agora precisamos superar. O primeiro foi, sem dúvida alguma, a
mudança da política educacional do governo em relação à universidade. Durante o
mandato de Fernando Henrique Cardoso (ministro Paulo Renato) o governo atuou
para desestruturar a carreira, privatizar as IFES via restrição orçamentária e avançou
lenta, mas decididamente, na mercantilização das universidades públicas. Nosso
sindicato nacional resistiu bravamente e contou com enorme apoio dos
professores contra esta política. Ninguém poderá esquecer que, naquele
contexto, até a greve de fome em Brasília foi realizada e resistimos inclusive o
corte de salário realizado pelo MEC. A eleição de Lula reascendeu as esperanças
de que ocorreria uma virada na política educacional do governo, mas a
orientação da política econômica que marcou os três anos de seu primeiro
mandato, indicou que o vale de lágrimas se manteria. Era fácil constatar que a austeridade
do período FHC/Malam não somente foi mantido com Lula/Palocci, mas, inclusive, intensificado (para os que não possuem memória, é preciso recordar que Joaquim
Levy ocupou, no primeiro governo Lula, um posto estratégico para a política
fiscal “austera” de então: foi secretario do Tesouro Nacional).
Ainda assim, quando mais
precisávamos de força e unidade, ocorreu a primeira divisão no movimento
docente: estimulados por sindicalistas ligados ao governo Lula, uma pequena
parte dos professores fundou o PROIFES (15/09/2004), um sindicato criado para
dividir e debilitar nossa capacidade de pressão nacionalmente articulada e com
importante experiência de resistência. Apesar do intenso apoio governamental, o
PROIFES nunca federou mais do que 8 associações de docentes no país. No
entanto, em todas as greves tratou de sabotar a força do sindicato nacional e
atuou sempre como um braço oficial junto ao movimento docente.
Assim, na mesma medida em que
apoiava o PROIFES, o governo Lula pretendia o isolamento social do ANDES/SN. É
por isso que mesmo naquelas greves nacionais iniciadas pelo ANDES, o acordo foi
somente assinado pelo PROIFES. Ainda assim, até mesmo os ingênuos sabiam que as
pequenas conquistas somente eram possíveis porque o ANDES mobilizou,
pressionou, resistiu e levou a negociação com a firmeza necessária. Ao
contrário do que afirmam seus adversários, a recusa do ANDES em assinar o acordo final sempre ocorreu porque o governo encerrava abruptamente a mesa de negociação e determinava ao
MEC o pagamento da proposta acordada com o PROIFES.
O PROIFES é, no jargão popular,
um sindicato pelego. Na prática, é um sindicato débil cuja “força” reside na
exata medida que pode debilitar nossa histórica capacidade de organização
nacional. É, na prática, um braço sindical do governo que elimina um valor
precioso: a autonomia do sindicato em relação ao Estado e aos governos.
Contudo, a partir de 2006, as
condições econômicas permitiram ligeira mudança na política educacional do
governo Lula. O ministro Palocci e o secretario do tesouro, Joaquim Levy, foram
substituídos. A guerra do estado contra a educação publica cessou e o governo
iniciou a expansão degenerativa do
sistema público nacional, cuja expressão máxima é o REUNI, criado em abril de
2007. No âmbito deste programa, surgiram
novas IFES, novos cursos, ampliação de vagas, etc., mas as antigas carências
sistêmicas se mantinham, pois o financiamento era obviamente insuficiente. No
entanto, não podemos ignorar que os salários tiveram melhoria relativa. É
possível verificar que a partir de 2005/06 começou certa recuperação dos
salários dos professores impulsionada pela combatividade do ANDES/SN e a
melhoria da renda da terra (evolução favorável dos termos de troca no país). Mas
não há que esquecer o fundamental: a melhoria relativa dos salários e da
carreira somente foi possível com intensa mobilização e unidade nacional. Portanto,
ao contrário do que dizem os defensores do governo, não foi o bom-mocismo do PROIFES – e sua suposta capacidade de
negociação – que permitiu a melhoria dos salários, mas precisamente o contrário:
a melhoria dos salários é que finalmente explica aquele fortalecimento
momentâneo do PROIFES!
Um sindicato sem dentes para
morder nada conseguiria nos duros tempos da austeridade fiscal dos governos
FHC-Malan/Lula-Palocci. Não há espaço para dúvidas: o período que vai de
2005/2006 até 2012 somente diminuiu o ritmo das perdas inflacionárias sem
jamais restituir completamente o poder de compra dos salários. Não foi o PROIFES – e sua
ilusória capacidade de negociar e ser ouvido pelo governo – mas a combatividade
e capacidade de articulação do ANDES/SN quem orientou cada decisão do governo
na “mesa de negociação”. No limite, o governo fechava um acordo com o PROIFES e
deixava como única opção para o ANDES/SN a política da recusa. Em perspectiva,
a despeito de vícios que precisam ser superados sem demora, é notável que ainda
possamos contar com um sindicato nacional, relativamente articulado, após
tantos ataques e manobras governamentais.
A situação da UFSC
Com a divisão nacional
impulsionada pelo governo e a melhoria relativa dos salários e da carreira, um
grupo de professores da UFSC considerou que estavam criadas as condições para
romper com o sindicato nacional. Ainda mais: erroneamente, consideraram que não
mais existiam razões para a unidade sindical. Aproveitaram erros reais (e
também imaginários) na condução do sindicato nacional, e alimentaram um
voluntarismo sem precedentes na política local. Julgavam, também erroneamente,
que os tempos de “austeridade” pertenciam ao passado e alimentaram sem
inibições a consciência ingênua de que o país estava assumindo outro papel no
mundo atual para o qual as universidades cumpririam papel estratégico...
No entanto, bastaram dois anos de
desconexão com o movimento nacional para que pudéssemos verificar na APUFSC as
mesmas práticas que eram consideradas inaceitáeis para o movimento sindical
nacional. A “nova” APUFSC, então sem vínculo com o sindicato nacional, logo
reproduziu os mesmos vícios que aquela maioria momentânea do plebiscito condenava: observamos a diretoria tomar posições sem amparo no Conselho de Representantes
(CR), participar de negociação em Brasília sem autorização ou conhecimento de
nós professores, a aberta manipulação de assembleias, etc. Tampouco podemos
esquecer que a necessidade do quórum para o CR era incompatível com o modelo
acadêmico escolhido, razão pela qual esta instância funcionou durante meses a
fio sem quórum qualificado e, a despeito de lutas jurídicas, dificilmente conseguirá cumprir a determinação regimental.
Assim, aos poucos,
silenciosamente, longe da atenção da maioria dos professores, a APUFSC ficou
sem articulação nacional, mas também deixou de ser referencia política e
sindical para a maioria de nós. A incapacidade de ter quórum mínimo para uma AG
nos dias atuais (míseros 5%) e também a controvérsia sobre o quórum para o CR, expressa
o colapso daquele projeto isolacionista.
Não há surpresa neste final melancólico. Nem existem motivos para permanecer
aferrado àquela decisão que se revelou um fracasso. A mudança é uma necessidade!
O primeiro passo: a reconstrução da unidade sindical na UFSC
Os sinais evidentes de que a
situação econômica do país tinha mudado já existiam em 2012/13, mas somente
neste ano se expressaram de maneira clara. A presidente Dilma anuncia a
política de “ajuste fiscal” para tornar sustentável o ganho dos rentistas via
pagamento e renegociação permanente da dívida. Em 2014 (LOAS) o governo
destinou R$ 170 bilhões de reais para os juros e encargos e outros R$ 807
bilhões para amortização e refinanciamento da dívida. A mesma fonte indica que
para a rubrica “pessoal e encargos sociais”, o orçamento reserva tão somente
237 bilhões. Em 2015 a previsão é ainda mais generosa; enquanto volumoso
recurso é destinado aos rentistas, a presidente determinou em janeiro, via
decreto, a redução de 7 bilhões para o MEC. Em maio, o contingenciamento
alcançou 10 bilhões. Agora, no final de julho, o governo anuncia novos cortes,
reduzindo mais o minguado orçamento em educação.
O frio corte orçamentário numa
estrutura já cronicamente deficiente produziu fenômenos como aqueles que
podemos ver na Universidade Federal da Bahia ou na UFRJ: na primeira o Conselho Universitário decidiu a suspensão do calendário escolar e na segunda os sinais de exaustão financeira
determinaram a paralisação da universidade mesmo sem a greve dos professores. Nestas
universidades, os reitores indicam claramente que nas condições atuais, a
universidade não pode seguir funcionando. A ANDIFES, entidade dos reitores,
manteve durante todos estes anos um silêncio cúmplice que hoje cobra seu preço.
Nestas circunstancias, a atual
negociação entre o MPOG e os sindicatos do setor público é quase simbólica,
pois a margem para ceder na mesa de negociação existe em razão direta da força
do rentismo defendido pelo Ministério da Fazenda, muito superior ao poder dos
sindicatos. Não há habilidade de mesa de negociação capaz de fazer o governo
ceder. A aventura do PROIFES exibe seus limites. A greve é a única força capaz
de arrancar do governo compensação para as perdas inflacionárias cada dia mais
pesadas.
A proposta do governo é clara:
20% distribuídos em 4 anos. Ora, somente neste ano (2015) sofreremos com uma
taxa de inflação de dois dígitos (superior a 10%). Na prática, o governo nos
empurra para aceitar importante perda salarial. Os pequenos ganhos do período
lulista agora precisam ser devolvidos sem gemido. Ao contrário do que dizem os
defensores da política rentista de Dilma-Levy, o ajuste não é passageiro. Longe
de apertar agora, para logo voltar a crescer e distribuir, entramos num período
que será marcado por forte processo de privatizações, maiores prêmios ao
rentismo (taxa de juros) e arrocho sobre os salários do setor público. Nem mesmo o mais otimista pode ignorar que o
“ajuste” possui caráter permanente! A taxa de desemprego crescerá
fortemente e os reajustes salariais do setor público serão concedidos a conta gotas e de
maneira seletiva (somente para as carreiras consideradas “de estado” ou
“estratégicas”, entre as quais não figuramos, obviamente). Alguém pode supor
que contamos com algo mais do que nossas próprias forças nesta batalha?
Poderemos contar com algo além de nossa unidade e capacidade de
organização?
A divisão sindical neste contexto
conspira contra nossos salários e carreira. A unidade sindical é decisiva para
manter o pouco conquistado, mas, sobretudo, é importante para evitar perdas que
já estão sobre a mesa de negociação. Não há espaço para ingenuidade e tampouco
para o voluntarismo. Não somente a unidade sindical na UFSC é decisiva, mas
também nossa re-articulação com o ANDES/SN é igualmente estratégica.
Portanto, defendo que as novas
condições políticas exigem a unidade em torno da APUFSC, incluindo aqueles que
por justas razões a abandonamos no passado recente. Da mesma forma, é evidente
que devemos nos rearticular com o ANDES/SN e evitar o PROIFES, um perigoso
braço sindical do governo criado pra nos debilitar. A filiação formal ao
sindicato nacional é questão de tempo e de amadurecimento político que somente
juntos podemos construir. Não importam os motivos que levaram os dois bandos
para rumos diversos; a crônica sobre quem tinha ou não razão deve ficar pra
nossos netos. O presente nos impõe a unificação diante da necessidade de defender
os salários e a carreira.
Agosto esta chegando
É impossível manter a indiferença
diante da greve nacional. Na situação atual de profunda despolitização, a maioria dos professores sequer discutiu se
as condições são ou não favoráveis para a luta salarial. É preciso convocar a todos para esta reflexão coletiva tão logo o semestre inicie. Ora, divididos será sempre mais difícil e, sem luta, ninguém nos escutará em Brasília. O “ajuste” esta apenas na primeira
fase e será cada dia mais forte. É claro que as perdas serão maiores na ausência
de resistência.
É verdade que o isolamento social
das universidades é muito maior agora do que em qualquer época. Há duas razões
para tal. A primeira é que num país que sofreu gravíssima regressão industrial,
a universidade termina cumprindo papel marginal. Aqui não contam os apelos
abstratos as possibilidades de contribuições científicas e tecnológicas das
universidades públicas. A segunda razão de nosso isolamento social é produto do
padrão de trabalho acadêmico dominante – o academicismo – que contribui ainda
mais para nossa marginalidade social na medida em que o desempenho é basicamente
avaliado pelos pares, sem validação social do conhecimento. Em resumo, estamos
mais distantes da população e também mais afastados da universidade necessária preconizada por Darcy
Ribeiro.
No entanto, a luta salarial seguirá sendo decisiva. E a redefinição da universidade nos marcos de
severa restrição orçamentaria e financeira demandará de todos nós profunda
reflexão que deve superar o surrado bordão de “defesa da universidade pública,
gratuita, de qualidade e socialmente referendada” com o qual o ANDES sustentou
até agora nossa unidade com certo vigor e eficácia. A situação do país exigirá
de nós muito mais do que a justa defesa dos salários, da carreira e a
manutenção do sistema nacional de universidades públicas. Num ambiente em que
até mesmo a ANDIFES prima pela omissão ou descarada cumplicidade com o governo,
podemos nos dar ao luxo de dispensar um sindicato nacional forte, coeso,
democrático e combativo? Seguiremos convivendo com dois sindicatos locais
(APUFSC e ANDESUFSC) sem conexão real com a maioria dos professores?
Enfim, a unidade sindical é uma
exigência da realidade. A greve revelará cada dia com mais força que a
manutenção de nossos salários bem como a necessidade de suplementação
orçamentária para o funcionamento das universidades não poderá ser conquistado
com divisões obsoletas e menos ainda com a despolitização do discurso e da
prática sindical.