O Estado é o comitê de
negócios da burguesia, afirmou Marx em 1848. A despeito da autoridade, a
verdade é que a sentença nunca gozou de plena aceitação no movimento comunista.
Na Europa, não faltaram intelectuais, movimentos e partidos que muito
rapidamente descartassem tanto as certezas quanto a crítica certeira de Marx e
assumissem sem qualquer inibição a luta no interior do Estado não somente
porque era possível, mas, sobretudo, porque seria necessário.
O revisionismo teórico ganhou força política
quando alguns socialistas contestaram as teorias de Marx logo após a morte de
Engels em 1896. O mais famoso deles - desde logo não único - foi Eduard
Bernstein quem atacou frontalmente a perspectiva anunciada pelos fundadores do
socialismo revolucionário ao indicar que o capitalismo abria possibilidades
imensas a todas as classes (Las premisas
del socialismo y las tareas de la socialdemocracia). O ataque revisionista
obviamente não poupou elogios a Marx mas indicou que sua imensa contribuição
teórica foi possível apesar de
Hegel. Um pouco mais tarde (1896-97) em polêmica com Kaustky, Rosa Luxemburgo e
outros socialistas, Bernstein sapecou: "para mim, o que comumente se chama
objetivo final do socialismo não é nada, e o movimento é tudo". Astuto,
Bernstein afirmava que seu revisionismo não era anti-marxista mas, ao
contrário, apenas um esforço para erradicar os resíduos utópicos que julgava
existirem na teoria de Marx e na dialética hegeliana em favor da "ideia de
desenvolvimento" ou o conceito de evolução.
O conto é longo mas recordei essa polêmica a
propósito da “securitização” da dívida promovida pelo governo Lula, que,
obviamente, não ganhou os noticiários e, sintomaticamente, nem mesmo a atenção
do espírito crítico do petismo ou da bancada do PSOL em suas redes digitais. O
silêncio sobre esse assalto ao Estado praticado à luz do dia merece reflexão. A
cobrança de impostos sobre "blusinhas" e as privatizações das praias
ocuparam a atenção de todos nesse campeonato infinito de pequenas causas.
Na virada do século XX, a linha política dos
partidos políticos socialistas e comunistas europeus jamais abandonou Bernstein
a despeito da linguagem ancorada em citações de Marx ou Engels e não poucos
elogios a Lenin. É fácil observar que para aqueles partidos outrora portadores
de milhões de votos, a Revolução Russa teria sido uma espécie de acidente da
História não apenas irrepetível mas também indesejável, especialmente nociva
quando considerada na perspectiva de "assalto ao poder" e vã tentativa de extinguir o Estado. Os novos
profetas afirmavam que o Estado capitalista conferia possibilidade de luta no
seu interior e o progresso burguês permitiria distribuir os frutos da
produtividade do trabalho entre todas as classes ainda que de maneira desigual.
Na linguagem vulgar dos economistas e sociólogos, um jogo de ganha-ganha.
Na periferia capitalista a aceitação das teses
europeias originadas no revisionismo da socialdemocracia alemã aterrissaram
suavemente, a despeito da dura realidade das maiorias. Nos países
subdesenvolvidos e dependentes, o Estado, ao contrário do caráter
"democrático" verificado na Suécia, Alemanha ou França, não somente
era um comitê de negócios da burguesia mas se constituía também num gendarme
contra a menor rebeldia das classes populares. A realidade revelou que a
disputa no interior do Estado era não somente adversa, mas, de fato, muito dura
e, no limite, impossível. A classe trabalhadora conseguia a duras penas
assegurar por algum tempo algumas conquistas e, na maioria dos países e épocas,
tinha na prática de proteger-se da ofensiva estatal geralmente violenta organizada
pelas frações de classe da burguesia.
Ora, como reza o bordão popular, na periferia a
vida é bem mais dura. A dependência e o subdesenvolvimento alteram
profundamente a função do Estado responsável pela captura do excedente
compartilhado entre a acumulação nacional e as transferências para o exterior.
O exclusivismo de classe no controle do Estado é indisfarçável e
particularmente agudo nos tempos de crise. No Brasil, a esquerda liberal evitou
a abordagem crítica e sepultou a reflexão sobre a dependência e o
subdesenvolvimento em nome da "crítica" ao
"neoliberalismo", uma expressão da melancolia desenvolvimentista
mesmo quando a dependência econômica, científica, tecnológica e cultural
assumiu feições e conteúdo nunca antes vista.
A consciência burguesa possível na periferia
capitalista defendia a industrialização como saída para os terríveis problemas
do subdesenvolvimento. Agora, nem isso. O desenvolvimento capitalista assumiu
sua forma rentística e o mercado mundial cancelou para sempre a possibilidade
de um novo ciclo de acumulação industrial na periferia latino-americana. A Ásia
comanda o processo em escala mundial ocupando o lugar que América Latina
sustentou na segunda metade do século XX.
Os "marxistas" na atualidade buscam
antes que explicações, justificativas ao anunciar a "acumulação por
espoliação", a retomada da "acumulação primitiva" e outras
quinquilharias ideológicas, todas destinadas a ocultar a diferença específica de nossa
terrível situação. Na mesma toada, os liberais de esquerda invocam as possibilidades do "sul global"
contra o "norte global" para evitar a análise do imperialismo. Os
artifícios abundam e a impotência analítica fortalece a paralisia política das
classes subalternas sob hegemonia burguesa em governos da esquerda liberal.
No Brasil, a força do desenvolvimento
capitalista rentístico, combina a superexploração da força de trabalho e o
assalto permanente ao Estado sob múltiplas formas de maneira sistemática. O
Estado, deixou de ser uma arena possível e necessária de disputa como queriam,
entre outros, Carlos Nelson Coutinho. E a disputa pelo "fundo
público" na pobre formulação de Francisco de Oliveira é menos que uma
ideologia legitimadora para a luta nos marcos da ordem burguesa: é o refúgio da
impotência. O assalto ao Estado é uma necessidade da acumulação rentística que
possui na dívida pública um instrumento valioso para a acumulação capitalista
na periferia em sua fase rentística.
Os keynesianos, esmerados na arte de ocultar a
incapacidade da burguesia industrial em dar um rumo desenvolvimentista para o
país, evitam o tema da eutanásia do
rentista, tal como recomendou seu guru Keynes. A respeito, a maioria dos
economistas e comentadores da esquerda liberal sempre descartou a auditoria da
dívida interna porque apostavam na capacidade de modelar a dívida pelo controle
da taxa de juros. A realidade é cruel. Agora, todos os dias podemos ver alguém
bradar na tribuna pública a indignação destinada a criticar a taxa de juros
como um obstáculo aparentemente irracional diante da necessidade de
"crescimento da economia brasileira". Entretanto, o rentismo não dá
folga e dobra a aposta governo após governo. Não se trata, de fato, de algo
conjuntural; ao contrário, as taxas de juros representam precisamente a racionalidade dos capitalistas numa
fase do sistema em que o capital produtivo nacional ou multinacional aqui
instalado não pode competir com o progresso burguês asiático baseado em
elevadas e constantes taxas de produtividade do trabalho e mercados imensos. Em
consequência, o assalto ao Estado é uma alternativa racional, uma consequência
necessária para a manutenção da ordem burguesa e a reprodução ampliada do
capital sob controle da fração financeira.
A crença nas virtudes da administração
democrática da ordem burguesa alimentada pelo liberalismo de esquerda sob
condução de Lula e o PT nada tem de ingênua. É expressão dos interesses da
classe dominante até onde for possível manter a constituição e a liturgia
republicana antes da explosão social e do protesto anárquico das classes populares.
Nessa semana o parlamento (um verdadeiro covil de ladrões) aprovou pela via
rápida e silenciosa a securitização
da dívida - algo que nem mesmo Bolsonaro tentou mas Lula não vacilou
em impulsionar - fato que demonstra de maneira cristalina a decisão do governo
petucano em avançar com propósito no esvaziamento da direita liberal e da ultra
direita de extração protofascista, realizando cada uma das "reformas"
das frações do capital responsáveis pela superexploração da força de trabalho e
da política social de caráter filantrópico em curso, única possível nos marcos
da política de austeridade orientada pelo teto de gastos.
Ainda assim, a adoção do programa ultra liberal,
antes de fortalecer as bases eleitorais da esquerda liberal e ampliar a
sustentação social do governo, não será capaz de conter a dinâmica em curso
orientada pela lógica de situações extremas em que o povo sempre perde e a
classe dominante ganha todas. A ideologia do "ganha-ganha" - uma
quinquilharia ideológica útil para os acadêmicos e a burguesia - não resiste ao
menor movimento da conjuntura. De resto, quando e se necessário, a direita não
vacilará na implantação de uma modalidade qualquer de estado policial com as
terríveis técnicas de terrorismo de estado conhecidas nos ciclos das ditaduras
latino-americanas.
Nessa semana, o parlamento aprovou o antigo
projeto do senador tucano José
Serra (PLP 459/2017) que estabelece a securitização
da dívida. A decisão não surpreendeu apenas pela rapidez da tramitação mas também pela
retumbante vitória da proposta tucana com 384 votos favoráveis e apenas 59 contra.
O texto está agora sob a mesa de Lula para sanção presidencial. Ora, nem mesmo
os ingênuos poderão bradar "veta, Lula!" diante do apoio massivo que
o partido do presidente (PT) deu ao assalto ao Estado!
A matéria é de inteiro interesse do governo e
das frações financeiras versadas no assalto ao Estado por múltiplas vias
(privatizações, política cambial, monetária e especialmente fiscal, controle da
Petrobrás, etc). Os apologéticos de Lula, de maneira bem discreta, indicaram
a racionalidade da medida
uma vez que os créditos estatais agora securitizados eram de "cobrança
impossível" nos marcos do sistema fiscal dominante, razão pela qual a
entrega de "créditos podres" pode ser um bom negócio... para todos!
Ora, seria apenas uma curiosidade ver desenvolvimentistas manifestarem
ceticismo sobre a capacidade de arrecadação do Estado não fosse manifestação de
cinismo e miséria política o desprezo com que esse enorme assalto ao Estado é
realizado à luz do dia. O apoio governamental representa um contraste eloquente
diante das ações que o liberal Haddad - sob orientação de Lula - comanda para
arrochar o salário dos funcionários públicos, avançar de maneira acelerada para
suprimir o mínimo constitucional em saúde e educação, manter o grosso da
carga tributária no lombo dos trabalhadores e promover isenções de todo tipo
para os grandes capitalistas.
A Confederação Nacional dos Municípios - a
representação dos pedintes e falidos diante do governo central - comemorou a
conquista de olho na promessa: contas alegres indicam que a tacada implica exercer controle sobre 5 trilhões de reais! A
lei prevê a criação de uma "sociedade de propósito específico" (SPE)
destinada a salvar os municípios da falência pela via do assalto aos impostos!
Uma beleza! A aprovação de semelhante entidade em Belo Horizonte em 2010/2011
ganhou destaque mas não era um caso excepcional; antes dos mineiros, goianos e
cariocas já caminhavam na mesma direção. Agora, os nobres parlamentares,
conscientes da responsabilidade social, decidiram que 50% da operação será
destinada a financiar a... previdência social! Tudo ocorre como se os impostos fossem,
de fato, "créditos podres" e não fluxo líquido corrente que ficará
nas mãos de empresas privadas.
Lula, sujeito descolado na vã promessa, anunciou
na Marcha dos Prefeitos (21 de maio) que a aprovação do projeto poderia render
até 180 bilhões de reais aos municípios. Ora, segundos os cálculos dos
prefeitos, divulgados pela Auditoria Cidadã da Dívida, as prefeituras devem à previdência
social aproximadamente R$ 248 bilhões e 81% dos 2.180 municípios com regime
próprio possuem pesados débitos com a previdência social que tocariam na casa
dos R$ 312 bilhões! Bueno, então fica combinado: o prefeito - futuro deputado -
não recolhe a previdência, acumula débitos considerados ideologicamente de
impossível cobrança e, em consequência, para "solucionar" o problema,
cria uma sociedade destinada a cobrar os débitos que na medida de 50% serão
destinados a cobrir gastos com a... previdência! Não é genial?
A campanha pela Auditoria Cidadã da Dívida alertou os nobres deputados e
senadores sobre o projeto de lei "eivado de obscuridades, redigido de
forma cifrada, ininteligível e sem a devida clareza acerca de seu verdadeiro
objetivo referente à realização de operação de crédito ilegal, o desvio do
fluxo de arrecadação tributária e geração de prejuízos aos cofres públicos com
danos irreparáveis às gerações atuais e futuras". Ademais, alegou que há
previsível risco pois o "projeto propicia a realização de operação de
crédito ilegal, o desvio de arrecadação tributária e, adicionalmente, prejuízos
aos cofres públicos e às gerações atuais e futuras". O esforço da ACD foi,
obviamente, em vão entre outra razões porque é muito difícil convencer alguém
que está sendo pago para não ser convencido.
O mega assalto ao Estado não ganhou as manchetes
nem qualquer atenção da esquerda liberal. O governo manteve a mais absoluta discrição,
a imprensa calou, os partidos silenciaram, as redes digitais (instagram e
twitter) dos nobres deputados e senadores estavam ocupados com "coisas
mais importantes" como, por exemplo, o "imposto sobre as
blusinhas" made in China. Inclusive os deputados do PSOL - que votaram
acertadamente contra o
mega-roubo - mantiveram escrupuloso e absoluto silêncio sobre essa questão
estratégica! Nessa semana, o PSOL e seus deputados registraram muitos eventos:
a hospitalização da deputada Luiza Erundina, a exuberância da parada LGBT em
São Paulo, a rusga entre dois influencers no covil de ladrões (André Janones e
Nikolas Ferreira) entre outras preciosidades. Nada, absolutamente nada sobre
esse mega assalto ao Estado! Nem na página do Partido figura uma notícia e menos ainda a análise sobre as terríveis consequências
para o Estado e o futuro das santificadas políticas públicas que dizem
defender. A propósito, no dia 28/05, parlamentares do PSOL promoveram uma audiência pública mas sintomaticamente o evento não ganhou espaço nem na propaganda dos mandatos e menos ainda na página do Partido! Como explicar tal omissão senão como expressão da cumplicidade com o governo Lula?
A direita liberal organizada no Partido Liberal
(PL) e o União cerraram fileiras contra o projeto. Ademais, alguns deputados do
PDT e do MDB, também negaram apoio à fração financeira: míseros 59 votos.
Uma vez mais Lula consegue folgada
maioria para atender os interesses da fração financeira que seu
governo sustenta. Quem disse que a minoria no parlamento é um obstáculo ao
governo?
Na esquerda liberal existem aqueles que figuram
tão somente na triste condição de "espírito crítico" do petismo. Na
prática, é uma forma de apoiar Lula, seu governo entreguista e rentista
exibindo algum "escrúpulo". Alegam que se trata de um "governo
em disputa". Ademais, recordam que a prioridade nacional é manter a luta
contra o "neofascismo", razão pela qual a criação de uma radical
oposição de esquerda terminaria (!) apoiando involuntariamente a direita. Além
da miséria política e moral, a verdade é que a defesa do governo é cada dia
mais cínica e impotente pois Lula atua segundo a partitura da fração financeira
que comanda a coesão burguesa e determina cada ação do governo mas sem qualquer
compromisso com sua permanência. Lula e Alckmin estão autorizados a praticar a
filantropia católica incapaz de redimir as maiorias da miséria e da exploração
crescentes por meio de "políticas públicas" sem elevado custo para o
Tesouro e as finanças públicas. A dívida pública e os impostos estão sob
controle estrito do rentismo e o governo atua de bom grado não somente para
preservar cada privilégio mas garantir vida longa para seus interesses.
A disputa no interior do Estado requer tanta lucidez quanto a luta armada nas selvas tropicais. A defesa abstrata da democracia praticada pela esquerda liberal leva águas para o moinho da direita que segue avançando a despeito da última derrota eleitoral. A concepção parlamentar de política - aquela mesma que Engels chamou de cretinismo parlamentar - orienta cada passo da esquerda liberal e sua influência nos cada dia mais impotentes "movimentos sociais" transformados, na prática, em comitês eleitorais. Ora, o que está em questão nesse momento é a inutilidade prática dos parlamentares da esquerda liberal, pois o avanço do programa ultra liberal é pleno a despeito do "apoio crítico" que dizem praticar em relação ao governo Lula em nome da luta "contra o fascismo".
A ultra direita não perde oportunidade para desmoralizar o parlamento tanto nas polêmicas inúteis quanto nas realmente importantes. Assim, banaliza, agride, ofende e exibe aos olhos de milhões a pobreza e miséria da prática parlamentar dominante. A presidência das comissões - da Educação, por exemplo - permite ao deputado Nikolas Ferreira a desmoralização permanente do covil de ladrões, recurso que expressa a hegemonia política que, de fato, já possuem na sociedade e através da qual multiplicam sua força aos olhos de milhões de brasileiros. Assim, o bate-boca, a simulações de agressões físicas, a "valentia" dos discursos, entre outros artifícios, constituem recursos valiosos para reforçar nas maiorias a convicção de que o parlamento é realmente um obstáculo a seus interesses. Em resumo, o parlamento atua na partitura de Bolsonaro com seus métodos e propósitos.
A esquerda liberal, ao contrário, cativa do governo, de Lula e do PT, atua na direção oposta dispendendo esforço inútil na dignificação da atividade parlamentar como se fosse possível "salvar a democracia" diante de uma república burguesa em escombros! Em consequência, durante o governo Bolsonaro, qualquer redução de dano ou derrota parcial das iniciativas da direita, os deputados corriam para as redes digitais e gritavam o ridículo "vitória!" como se fosse possível salvar a república fortalecendo sua aparência. Ademais, treinados na estranha arte do "diálogo", pretendem vencer o "debate" parlamentar armados de suposta racionalidade cartesiana como se a disputa fosse de "narrativa" e jamais ancorada em interesses concretos! Assim, ao contrário da truculência, oferecem a delicadeza; diante do arroubo, preferem a "racionalidade". Em todos os casos, lamentam a ausência dos antigos tribunos da direita liberal "civilizada" dos tempos em que tucanos e petistas tinham comunhão de programa, disputas eleitorais acirradas e diferenças parlamentares pacificadas nas comissões e restaurantes luxuosos. Entretanto, aos olhos de milhões, também aqui o parlamento figura como obstáculo pois o vulgar Lula e seu partido repetem todo dia que carecem de maioria para atender as demandas populares. Ora, nessa disputa, a vitória da direita já é completa e definitiva!
Não poderia ser diferente pois cada medida de Lula fortalece precisamente as frações de classe que não vacilarão - em caso de necessidade - de abrir todos os horrores do terrorismo de Estado na defesa do rentismo dominante tal como fizeram em 1964 ao inaugurar sua ditadura de classe. O silêncio cúmplice que a esquerda parlamentar mantém agora em relação a mais uma medida estratégica do rentismo fomentado por Lula (securitização), não faz menos do que alimentar hoje o monstro que nos devorará amanhã.
Não há alternativa senão a construção radical e inexorável, aqui e agora, da oposição aberta ao atual governo. O terreno já
está, obviamente, ocupado pela ultra direita liberal, mas ela é incapaz de
oferecer alternativas às maiorias e, em consequência, não pode entregar o que
oferece ainda que tem o poder de operar a ruptura com o sistema político-jurídico. O radicalismo político esta sob controle da direita porque ela
entendeu que o governo encabeçado por Lula pretende conduzir seus interesses de
classe com alguma condescendência diante dos trabalhadores. Entretanto, a
direita liberal jamais cultivou ilusões sobre democracia, tolerância,
diversidade, pluralismo e outras quinquilharias ideológicas com as quais a
esquerda liberal gasta tempo precioso destinando esforço para a mera reprodução
parlamentar. O terreno da disputa não é, definitivamente, o parlamento. No
covil de ladrões a parada já está decidida, como demonstra a conquista do
rentismo com a securitização da dívida e o mega assalto ao Estado, que garante
vida longa à fração financeira da classe dominante.
Aos discípulos desavisados de Bernstein que julgaram a disputa no interior do Estado como o caminho mais fácil para redimir a maioria dos trabalhadores da miséria e da exploração em que se encontram, restaria lembrar que o Brasil - país periférico e subdesenvolvido - não é a Alemanha. E também é importante recordar que o Estado - algo radicalmente diferente de governo! - é o terreno por excelência da classe dominante que não admite aprendizes no comando ainda que reconheça o valor ideológico da presença caricata da esquerda liberal para seu próprio benefício. A luta nos marcos da ordem burguesa não pode prescindir da luta contra a ordem burguesa! Não alimento esperança de que essa lição histórica receba aprovação dos partidos eleitorais da esquerda liberal. O teste da vida, real e cruel, somente ele, poderá colocar as coisas no seu devido lugar contra as crenças infantis que reinam entre aqueles que com autenticidade, ingenuidade ou oportunismo pretendem superar esse vale de lágrimas.
Revisão: Junia Zaidan
Nildo o Brasil virou terra de bandido ! O Projeto de Lei da Securitização da Dívida Pública condena o Povo Brasileiro a Pobreza e perpetua o Banco Central como Boca de Fumo de Banqueiro ! O Partido Militar age como uma quadrilha assaltando o Estado e usando o Exército Brasileiro. O Judiciário garantindo os seus pedaços do Estado. Daqui a pouco as Universidades Públicas serão privatizadas como no Paraná ! Hoje é cada um por si e Deus para poucos, e que o povo vá se fuder ! Organizar esta luta não será fácil pois a mídia manipula o povo e se preciso for vão para Praça Pública cortar os seus pescoços pelos seus mitos. Estamos vivendo o Tempo das Trevas, com a Politica do Diabo rolando solta, vivemos a Era da Ignorância e Negação da Ciência !
ResponderExcluirBueno, se nada temos, do nada temos que partir. Vamos dobrar nossas apostas na Revolução Brasileira!
ResponderExcluirProfessor Nildo, confesso que até pouco tempo ainda nutria alguma esperança na política institucional. Liberto desta crença, busco através do estudo desenvolver senso crítico e militar na construção da Revolução Brasileira. Obrigado pelo empurrão!
ResponderExcluir