O mundo não vai acabar. O
mundo nunca acaba. Nem o Brasil. Os últimos 20 anos tornaram o país mais
dependente e subdesenvolvido. O privilégio de classe cresceu em termos de
poder, renda e patrimônio (propriedade). A república rentista goza de boa saúde
e nada poderá ser feito contra ela nos marcos da política atual.
O debate público sobre a
economia política - que nunca foi exigente entre nós - empobreceu
vertiginosamente nas últimas décadas. O liberalismo de direita (tucanos a
cabeça) firmou fé no tripé (taxa de juros, inflação e cambio). O liberalismo de
esquerda (petistas na condução) incorporou a "herança liberal" e
agregou a caridade cristã (migalhas orçamentárias apresentada como programas
sociais).
A crise atual revelou o
colapso dos partidos da ordem (sistema petucano). A Globo assumiu a condição de
consciência possível de uma burguesia rentística; no entanto, também o
monopólio televisivo esta subordinado a luta de classes e jamais funcionará
como um "Deus ex machina".
A recessão prolongada, o
nível de endividamento das empresas e a ação dos bankgsters Meireles e Goldfajn
ganharam força exercendo na prática a condução do governo. Dane-se Temer! O
fundamental são as reformas do capital, com ou sem mesóclise.
A contabilidade nacional
indica a existência de 377,066 bilhões de dólares nas reservas. Durante o
governo Lula até mesmo algumas figuras razoavelmente informadas indicavam o
"nível inédito das reservas" como comprovação da competência petista
na administração da ordem burguesa. Nas dezenas de debates e cursos que
participei nos últimos anos, sempre denunciei (inutilmente, confesso) esta idiotice propalada como
ciência certa, apresentada como prova irrefutável de que o país tinha rumo. O
momento mais irritante era ouvir da boca de sindicalista a afirmação de que
"com estas reservas o país esta bem" e o fato revelava, segundo a
consciência ingenua, o quanto a política econômica do PT era distinta do PSDB.
Pois bem, nesta semana o Meireles e o Goldfajn repetiram Dilma e venderam swaps
cambiais, além de resgate antecipado dos títulos públicos do Tesouro Nacional.
Ainda assim o real desvalorizou. A massa viu como a JBS ganhou seus milhões com
a especulação da moeda após a delação de seu principal burguês. No final do ano
veremos o resultado no balanço suculento dos bancos Afinal, a crise não é mesmo
oportunidade?
Bueno, esta carta - o ataque
da burguesia contra a moeda - esta sob a mesa. Poderá ser usada? Depende do
ritmo das reformas do capital e do instinto de sobrevivência de Temer. A
experiência ensina que jogadas arriscadas fazem parte do cardápio da burguesia,
especialmente numa república rentista. Neste contexto, o ataque especulativo
das distintas frações do capital destinado a tomar os 377 bilhões de dólares
para proteção privada em tempos de crise poderá ser usada inclusive para forçar
a aprovação das reformas do capital em condições políticas aparentemente
adversas. A luta agora é pelo Fora Temer e contra as reformas do capital. Nada
mais. O ataque especulativo já esta sob a mesa e poderá, dependendo da situação
política, ser usado pelos capitalistas para impor a lógica das situações
extremas. Neste jogo de vida ou morte, a burguesia sustenta Temer, a eleição de
um governo pelo covil de ladrões (congresso nacional) e até mesmo eleições
diretas. O Brasil não vai acabar, obviamente. Ficará mais dependente e seu povo
mais pobre. Acabar nunca.
O solo da Pátria precisa
arder dia 24. O grito de Fora Temer e abaixo as reformas do capital são, no
momento, nossas bandeiras.
Profético: Hoje, 24/08/18, dólar batendo R$ 4,10 para forçar a eleição do estúpido direitista a serviço o Instituto Mileniun e outros próceres da burguesia
ResponderExcluirSó que o ataque especulativo é ameça para impedir Lula/Haddad nas eleições. E dizer que o governo do PT foi agregação da herança liberal agregada à caridade cristã é um reducionismo enorme. Se assim fosse a elite econômica não estaria tão assustada com a re-re eleição de Lula.
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