domingo, 7 de julho de 2013

Um cidadão do mundo


Tenho grande apreço por Milton Temer. Gosto de suas fidelidades, mesmo aquelas que só se conservam porque estão 35 graus abaixo do zero. É notável que este almirante húngaro sobreviva nos trópicos, numa das mais belas capitais dos trópicos latino-americanos! Eu suponho que ele alimenta certa fé e esperança na Grande Rússia, razão pela qual considera que Putin enfrentaria os gringos no episódio do Snowden em função das crescentes contradições entre a potência imperialista e o velho “espírito russo”. De minha parte, observo mais os acordos entre ambos do que os conflitos, razão pela qual sou mais cético. Mas resulta que Putin considera os segredos de estado do ex-funcionário da Agencia Nacional de Segurança dos EUA demasiadamente importantes para ficarem limitados à área de transito do aeroporto de Moscou – por que de fato, lá não cabem – e muito melhor seria se fossem finalmente confinados nas enormes e majestosas salas do Kremlim. Putin possui muitos planos. Ele agora considera que Snowden pode permanecer com a neve até os joelhos para sempre se – e somente se – não divulgar nada mais contra “nossos sócios americanos”, dito assim, de maneira ampla. Você sabe tanto quanto eu que um “sócio” é um ser genérico. Pode ser tão próximo quanto uma amante e tão distante quanto um concorrente. Snowden tem segredos de Estado (de muitos Estados!) e esta não é uma situação confortável. Nunca foi. Agora ele vive no aeroporto de Moscou e a suspeita de que o presidente Evo Morales estava transportando Snowden em seu avião de regresso da Rússia, levou os sócios europeus dos gringos à plena submissão; por isso, o presidente boliviano foi impedido pelos arrastados europeus de voar pelos céus da França, Itália, Portugal, Espanha e aterrizou, quase sem combustível, na Áustria. Quem diria que a “ilustrada” França e sua miserável vida política atual, com suas pequenas livrarias e aquela enorme Comuna chegaria tão baixo? Bravos e lúcidos mesmo somos nós, os latino-americanos, que queremos receber Snowden como reconhecimento pelos serviços prestados à humanidade, contra a razão de estado imperialista e a favor da liberdade individual que os liberais já não podem defender por impotência adquirida. Enfim, passaporte boliviano, venezuelano e nicaraguense para o estadunidense Snowden – ele pode escolher – para permanecer entre nós, agora como um verdadeiro cidadão do mundo e passaporte de uma república irmã. Rosário, Tierra del Che, 7/7/2013.   


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